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26/02/2021 às 07:42
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Quirera Gourmet – 26/02/2021

Quirera Gourmet
Por: Flavio Carvalho
Imobiliária Fabiano Santos 137876

De Discursos Mudos E de Bocas Caladas!

Algumas Bocas Caladas e uns Discursos Mudos, todos extremamente bem-falantes, foram vistos andando nas ruas de Xanxerê, em plenos dias obscuros e cinzentos, de gravíssima peste. Agora usam máscara N95 – a mais indicada, evitam falar, não tocam em ninguém e mantém distância de uns dois metros, ou mais, de qualquer pessoa. As Bocas mais veteranas ficam esperando na porta do mercado, enquanto alguém traz suas compras até elas. Não podem mais entrar, assim como crianças e adolescentes. E quem entra para as compras, tem que entrar sozinho. Isso remete a velhos filmes de guerra, com racionamento de alimentos. E a guerra às vezes parece real.

Entrevistei, on line, um Discurso Mudo que conheço há anos. Ele chorou e disse estar profundamente envergonhado, triste, muito triste, com tudo “o que ajudei fazer aqui em Xanxerê’, confidenciou, em voz baixa. Repetiu estar “muito arrependido por ter colaborado para o colapso da saúde pública…, frisando: “Também sinto raiva de mim mesmo, por ter acreditado em gente que nem sabia do que estava falando”. O Discurso até jurou que está rezando – coisa que raramente fazia – para que não morram mais amigos seus, quase irmãos de sangue que estão internados, mas sem vaga na UTI, todas lotadas, assim como as enfermarias, os corredores do hospital…. Meu amigo arrastava as palavras, de tão deprimido

E me confessou que gostaria de não sentir tanta raiva de alguns péssimos conselhos – e de seus negacionistas conselheiros – “que fizeram minha cabeça para eu acreditar, teimar e insistir, por exemplo, que o tal Kit Covid curava! Balela…. Se curasse mesmo, porque então a cidade inteira está entulhada de casos, e os números aumentam todo o dia??? Eu deveria ter acreditado, por exemplo, quando me diziam que alguns se curam, mas não é pelo tratamento precoce que fizeram…. É pela própria defesa orgânica que o corpo tem, que todos possuem, com maior ou menor eficiência”, desabafou. O senhor Discurso Mudo pediu anonimato! E prometi respeitar sua vergonha e sua decepção. Mas suas palavras impressionaram.

Para minha surpresa, em seguida Discurso pediu licença, por favor, e solicitou “um minutinho só, pra dizer mais algumas verdades”. E as palavras vieram, graves: “Eu peço desculpas a todos que, porventura, ajudei a não acreditar nos especialistas em epidemiologia, na Ciência, e na própria Organização Mundial da Saúde! Não sei onde eu estava com a cabeça quando dei para duvidar de uma organização mundial, que já salvou milhões de vidas, no mundo inteiro, por décadas, aplicando vacinas contra dezenas de doenças, sempre com amplo sucesso! E de graça! Quero fazer um juramento, aqui: Jamais duvidar de novo da Ciência”!

Argumentei ao meu destruído amigo que sua conduta, apesar de tudo e do que ele se arrepende, era uma atitude digna, atitude de um cidadão correto, agora ciente de seus deveres com a comunidade onde vive. E que antes tarde do que nunca, sua compreensão da triste realidade era um alento positivo: ”Nem tudo está perdido”, falei, destacando que ele era um saudável exemplo disso. E, portanto, merecia congratulações e parabéns! Tentei animá-lo, de verdade, pois senti que seu arrependimento além de sincero e pesaroso, era sofrido mesmo. E animei: “Daqui umas semanas estaremos bem, se Deus quiser, sendo vacinados e isso tudo vai passar”!

Mas não consegui, nem um milímetro. Ele rebateu: “Agradeço as palavras, mas tenho que lhe dizer que jamais, para o resto da vida, conseguirei esquecer o que eu fiz. Me sinto como se tivesse, com minhas mãos, tirado a vida de dois velhos e bons amigos meus, que pensavam igualzinho a mim. E hoje estão mortos”! O meu amigo Discurso Mudo ficou ainda arrasado, nunca tinha visto ele assim… E voltou a falar, admitindo que ajudou a divulgar fake news, a pedido, falando que as vacinas não funcionavam, que eram vírus para matar mais gente e que ninguém deveria tomar as vacinas!

Pediu-me que lhe dissesse o que poderia fazer para voltar lá atrás, desdizer tudo o que disse, aquilo que postou, as fake news…. Tive que lhe alertar que isso era impossível: “Uma notícia falsa postada na Internet é como a pluma de um travesseiro rasgado e sacudido da janela do décimo andar, em dia de vento. Ninguém sabe nem quantas, nem quem, nem onde as plumas foram parar, muito menos quem eram as pessoas leram as mentiras jogadas ao vento”. Um surpreso Discurso Mudo arregalou os olhos, assustado… e me disse nunca ter pensado nisso.

Depois de agradecer pelo seu forte e sincero depoimento, perguntei a Discurso Mudo se aquela nossa amiga, a Boca Calada não gostaria, talvez, de também dizer alguma coisa. Me respondeu que achava difícil a Boca Calada conseguir falar, depois de ver o que está acontecendo – não só em Xanxerê, mas no estado e no Brasil todo: “Ela – disse eleao pé do ouvido – está em situação bem pior que a minha. Ela até tenta dizer alguma coisa, mas as palavras não saem da Boca Calada. Acredito que ela tem algum bloqueio psicológico, pelo profundo arrependimento e pela imensurável raiva de ter caído na mesma lambança que eu caí, de negar a Ciência e todo o conhecimento humano, desenvolvido por séculos”! E aí Discurso me confidenciou que Boca Calada anda “ meio fora da casinha, com um cartaz pendurado no pescoço, e a frase  “em Boca  Calada não entra mosca”!

Então fui obrigado a escrevinhar essas passagens. Para contar que tanto o Discurso Mudo como a Boca Calada, na verdade – e infelizmente – não são pessoas reais. Bem que eu gostaria que fossem. Proclamaria, aos gritos que nem tudo está perdido, ainda há esperança! E escreveria: “Acabei de saber que dois negativistas xiitas e engajados na causa da terra plana, entre outras inverdades, estão profundamente arrependidos! Acordaram de um pesadelo, estão cabisbaixos e envergonhados. Mas vão ficar bem” ! Sou um otimista velho, incurável e contagioso. Um dia hei de ver esse povo, xanxereense e do “resto” do mundo, recobrar a sanidade mental que perdeu, por acreditar em tudo o que lê, e em tudo que lhe dizem, especialmente em mentiras e realidades distorcidas!

Restou ainda, neste final de semana, abraçar a todos os xanxereenses que amam a verdade. E também aqueles que sabem valorizar a vida, desde a mais humilde até a mais bem servida! Meus parabéns a todos (as) os (as) xanxereenses, pela passagem dos 67 anos de aniversário dessa terra – que nunca foi fácil! Mas que eu nunca pensei em ver em situação tão difícil…. Que o senhor das Esferas nos proteja e abençoe a todos! E isso, daqui a pouco vai passar!

Um bom, saudável e cuidadoso, fim de semana a todos (as)!

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